segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Se duvidas houvessem...


"O Crepúsculo do Petróleo", elaborado em 2003/2004 e publicado em 2005 chamou atenção para o fato de que, se as coisas ocorressem como as curvas previam, a produção  mundial de petróleo cru se estabilizaria dentro dos dois anos seguintes e a economia mundial entraria em crise incontornável por falta de quantidades crescentes de capital -- o verdadeiro capital, proporcionado pela energia do ouro negro --  indispensável para manter em funcionamento um sistema financeiro montado sobre a necessidade de crescimento constante.    

Pois bem: a produção de petróleo cru estabilizou realmente em 2005 e hoje em dia, sete anos depois, continua patinando em 74 milhões de barris diários (as informações que apresentam as caras  tecnologias de  águas profundas, "fracking", e outras,  como solução do problema, não passam de propaganda irresponsável).  

Com a estabilização de 2005, a  crise financeira internacional estourou três anos depois, no elo mais fraco da corrente: os papéis imobiliários e  produtos "derivativos".

Se alguém não se deu conta ainda do brutal impacto dessa falta de crescimento sobre a oferta global de energia, a mera inspeção  das curvas abaixo deveria ser suficiente para acordar o mais teimoso dos céticos.   

O gráfico da EIA (Energy Information Administration) mostra que a defasagem entre o crescimento da produção de óleo cru projetado em 2005 e a produção realmente alcançada em 2010 já era da ordem de 12 milhões de barris por dia, chegando hoje aos 16 milhões de barris diários, pois a produção continua hoje abaixo dos 74 milhões.  

Se olharmos os dados da produção total de "liquidos" energéticos, fornecidos pela BP (British Petroleum), isto é, petróleo cru MAIS derivados do gás de petróleo MAIS areias betuminosas, MAIS "fracking technology", MAIS combustíveis sintéticos MAIS etanol, biodiesel, etc, etc. a defasagem permanece exatamente a mesma, 12 milhões de barris em 2010, e também algo em torno dos 16 milhões de barris na data presente.

Se cada milhão de barris a menos significa um déficit de 1736 Gwh (Gigawatts-hora), então 16 milhões de barris a menos por dia somam 16 x 1.736 x 365 = 10.138.240 GWh ao fim de um ano.

Ora, considerando que uma usina atômica do porte da Usina de Angra dos Reis gera em um ano  11.000 Gwh, o presente déficit energético precisaria ser compensado com imediata entrada em operação de 920 usinas iguais a de Angra dos Reis.

Um extraordinário golpe na economia mundial, que só tende a crescer exponencialmente no momento em que a produção deixe de estar meramente estabilizada, para decair no mesmo ritmo decrescente da produção dos  velhos campos, espalhados por todo o planeta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário