terça-feira, 9 de julho de 2013

A "Revolução" do Fracking


A tecnologia de injetar produtos quimicos sob pressão ("fracking") para deslocar as camadas profundas de folhelhos betuminosos de modo a liberar gás e óleo difícil de tirar (shale gas/tight oil), é o último e desesperado recurso para continuar a obter energia fóssil cada vez mais cara -- em termos de quantidade de energia investida por barril de energia obtida.


Pior do que tudo é o desastre ecológico irrecuperável pela poluição dos aquíferos -- e a falta de água em grandes quantidades é o próxima gravíssima crise de escassez que vai afligir o planeta dos nossos netos. 

As grandes empresas de petróleo e gás estão conseguindo esconder isso atropelando as autoridades politicas e judiciais do interior americano com o uso de pressão politica e econômica nesse momento de crise mundial, mas o clamor contra o "fracking" vai  aumentando. Vejam o que está acontecendo em fazendas dos  
USA.

http://www.youtube.com/watch?v=VEQMA0zwMM4

Quanto à propalada revolução que permitiria extrair bilhões de barris de shale gas/tight oil,  catapultando os USA de volta a posição de exportador de energia, acredito que os gráficos abaixo (tirados de um recente  e muito equilibrado paper sobre o assunto) desmentem a propaganda otimista de Wall Steet melhor que 10.000 palavras.

O fato é que os campos velhos continuam no mundo todo a perder produção, compensada com grande dificuldade pela produção de óleo e gás "não convencional" --  produção crescentemente mais "cara" em termos de energia consumida para produzir energia.



Vejam a brutal desproporção entre o número de poços novos e o correspondente aumento de produção, tanto de óleo como de gás, nos USA.
                                                                        Clique em cima para ampliar

Desde 2005 quando foi publicado "O crepúsculo do Petróleo"  o número de poços novos cavados por ano nos USA foi multiplicado por 2,5 em troca de um pífio aumento percentual de produção.

A projeção de produção dos USA feita pela EIA (Energy Information Administration, do Depto de Energia) mostrada abaixo (e que considero otimista) mostra que mesmo com uma grande injeção de shale/tight oil a produção chega a  um pico dentro de 6 anos, com o resultado de que em 2040 a produção doméstica americana será pouco mais de 30% do suprimento de óleo dos USA. 
                                    


No mundo como um todo, a previsão da IEA (International Energy Agency, da OECD),  é a mostrada na figura abaixo e adiante explicada, direto na lingua de Shakespeare:

"The latest median forecast for world petroleum liquids production of the IEA (termed the “New Policies Scenario”) is illustrated in Figure 22, which projects a decline of nearly two-thirds for all fields producing in 2011.

This projection suggests that overall crude oil production will decline slightly over the period to 2035, even with the development of 39.4 mbd of new production capacity from discovered and undiscovered fields (the equivalent of four Saudi Arabias’ worth of new production).

The IEA, in fact, has indicated in its World Energy Outlook 2012 that conventional crude oil is now past peak production and, even with the development of new production equivalent to two-thirds of current  production, will decline slightly through 2035.


Um comentário:

  1. As maiores vantagens proporcionadas pela revolução do shale gas decorrem do fato de serem explorados por indivíduos que têm a propriedade privada dos recursos e os exploram com meios próprios (como garimpeiros de Serra Pelada) alem dos incentivos dos próprios estados fundadores, ao contrário daqueles que estão submetidos à propriedade comum, garantidos por concessão de velhos dispositivos constitucionais que remontam ao código de águas, reminiscência arqueológica do fascismo de 1934 (tal como o “Carta del Lavoro”).
    – É estabelecida em bases locais – devido aos baixos custos do transporte em relação ao do petróleo e gás por oleodutos.
    – Aproveita a extensa rede de gasodutos subutilizada (500 mil Km nos EUA) dos antigos campos, o que favorece a geração distribuidada através termoelétricas combinadas a gas muito mais econômicas do que as antigas térmicas a vapor movida a carvão e óleo.
    – A ocorrência contempla indistintamente países grandes e pequenos, ricos ou pobres, que podem recorrer à P&D desenvolvida nos países ricos em regime de cooperação espontânea. Assim, podem escapar da ditadura do cartel dos grandes produtores de petróleo.
    – A água é a mesma que foi utilizada na recuperação de petróleo e gas encarcerado nos poços maduros e abandonados por baixa economicidade.
    Repetem a experiência dos estados fundadores dos EUA que inventaram o petróleo do Texas e Pensilvânia.
    – “Insignificante até 2005 nos EUA, hoje é responsável por 23% da produção americana de gás natural e nos próximos 20 anos deve alcançar 50% do total explorando as reservas tecnicamente recuperáveis de 93 bilhões de barris equivalentes do petróleo do país” (Adriano Pires).
    – Substitui o excedente de 500 milhões de toneladas no mundo todo. Este é o maior problema para toda a indústria de aço: o excesso de produção. Surpresas positivas nos Estados Unidos, como o shale gas [GÁS DE XISTO], que provoca um revival da engenharia mecânica.
    – Liberação da extensa rede de estradas de ferro, utilizada no transporte de carvão de siderúrgicas desativadas, para o transporte de grãos.

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