segunda-feira, 17 de novembro de 2008

E agora... e o petróleo ???



Com a economia em expansão é certo que o preço do barril de petróleo tenderá para as alturas sempre que houver pouca folga entre a demanda e a capacidade máxima de produção.

Foi o que ocorreu à partir de 2006, até o primeiro semestre de 2008, quando a demanda mundial por combustíveis líquidos, oscilando no entorno dos 85 / 86 milhões de barris/dia ficou igual ou ultrapassou a capacidade de produção – causando a baixa dos estoques comerciais e estratégicos e levando os preços do barril de petróleo para mais de US$ 120.

A partir de julho de 2008 a queda de consumo nos paises desenvolvidos foi suficiente para gerar uma pequena folga entre demanda e capacidade de produção.

Esse fato, somado às repercussões econômicas da crise financeira, levou rapidamente o preço do barril para menos da metade do que chegou a custar em julho.

No corrente mês de novembro os dados fornecidos pelos relatórios “Short-Term Energy Outlook”, da USA Energy Information Administration – EIA, e “World Energy Outlook”, da International Energy Agency - IEA (ONU), ambos datados de 12.nov.2008, nos fornecem uma boa perspectiva da provável evolução da situação.

Os números apresentados mostram que, à despeito da crise, o crescimento da demanda em países não pertencentes à OECD (Organization for Economic Cooperation and Development), especialmente a China, América Latina e países exportadores do Oriente Médio, deverá compensar mesmo fortes declínios de consumo nos Países da OECD -- como está ocorrendo em 2008, onde apesar da queda de 1 milhão de barris por dia, constatada no consumo americano, está se verificando um aumento global do consumo da ordem de 100 mil barris diários.

Desse modo, a demanda por hidrocarbonetos líquidos (petróleo convencional + não convencional + líquidos condensados do gás + ganhos de refinaria + bio-combustíveis + sintéticos) até o final de 2008 está se mantendo na faixa dos 87 milhões de barris por dia, em media, sendo 74 milhões referentes a óleo cru (petróleo) -- níveis que se projetam virtualmente estáveis em 2009.

Mas o exame dos dados da EIA revela taxas de declínio anuais na produção de óleo cru que chegam a ultrapassar 20% nos campos de águas profundas -- que são os que decaem às maiores taxas -- sendo de 6,7% ao ano a media ponderada referente ao declínio da produção do conjunto dos campos atualmente existentes, o que significa a necessidade de aumentar cada ano a produção total (petróleo novo + líquidos em geral) em cerca de 5 milhões de barris diários (6,7% x 74 = 4,96), apenas para manter a produção global estabilizada.

Para atender ao crescimento da demanda após uma crise de curta duração a EIA projeta que até 2030 seria necessário somar 64 milhões de barris por dia à produção presente, o que exigiria um investimento absolutamente colossal, ano após ano, coisa virtualmente impossível em caso de depressão prolongada, e que exigiria preços do petróleo na casa dos US$ 80 / US$ 100, que é o mínimo custo estimado do barril adicional de petróleo extraído de águas profundas ou de jazidas de areias betuminosas como as do Canadá.

De qualquer modo, neste seu relatório de 2008 a IEA está prevendo para 2030 um preço de US$ 200 por barril, numa primeira demonstração de que está começando a reconhecer a verdadeira dimensão de uma crise enormemente subestimada nas avaliações anteriores.

Em suma, quanto mais demorar o retorno ao patamar de US$ 100 dólares o barril, mais provável será que  por falta do investimento adequado a queda de produção venha a tornar difícil  satisfazer a demanda, mesmo que ela, 
catastroficamente, se estabilize, ou lentamente se eleve acima do atual nível dos 85 / 86 milhões de barris diários.

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