segunda-feira, 30 de março de 2009

O G-20 e a inadministrabilidade da Crise

Basta inspecionar o último relatório sobre a situação dos “papeis derivativos”, emitido pelo escritório de controle da moeda dos Estados Unidos (Quarterly Report on Bank Trading and Derivatives Activity), para que fique bem clara, aos olhos de quem quer ver, que o tamanho da crise está muito acima do que seria possível controlar, e que as supostas soluções que vem sendo propostas a nivel de governos, e reuniões internacionais, como a do G-20, em abril, não passam de tentativas de esconder um desastre de proporções inacreditáveis.

Nesse relatório pode-se verificar que o conjunto dos 5 maiores bancos é detentor hoje de 96% das posições dos derivativos dos bancos americanos, os quais são, em ordem de comprometimento decrescente:

JPMorgan Chase, que detém espantosos 88 trilhões (88 mil bilhões !!) de dólares, em derivativos; seguido pelo Bank of America com 38 trilhões em derivativos; pelo Citibank com 32 trilhões; e pelo Goldman Sachs, com 30 trilhões.

Em quinto lugar vem o resultado da fusão Wells Fargo-Wachovia Bank, com “meros” 5 trilhões em derivativos. O sexto da lista seria o ramo americano do HSBC, com 3,7 trilhões.

Os tão falados 180 bilhões utilizados para evitar a falência da AIG foram principalmente empregados para pagar o seguro de derivatives de Goldman Sachs, Citibank, JP Morgan Chase, Bank of América e outros, que se revelaram sem valor.

Não dá para entender como os “especialistas” que estão tratando do assunto querem que acreditemos que despejar mais algumas centenas de bilhões de dólares possa mudar a situação de um universo de centenas de trilhões, em que garantias de papel representam ativos inexistentes, numa escala 10 (dez) vezes superior ao total anual da produção mundial.

Vai ficando cada vez mais claro aos olhos do mundo que despejar moeda-papel nesse saco sem fundo é o mesmo que fornecer a um alcoólico acesso ilimitado ao barril de cachaça, e ao falsário a chave da impressora -- o que interessa principalmente a esses bancos, e ao governo americano.

Na China, na Rússia e na Europa, isso já foi entendido.

Mas o Brasil vai ao G-20 à reboque dos americanos, e com Lula apaixonado pela ginga do Obama.

O que, diga-se de passagem, não vai fazer a menor diferença, porque a única coisa que se pode esperar de uma reunião desse tipo, é a exacerbação das divergências.

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