sábado, 25 de outubro de 2008

Alerta de Tsunami 1 - Enviado em e-mail circular de 15.09.08


A extrema inelasticidade na demanda de energia fez com que o preço do barril de petróleo tivesse que chegar proximo aos US$ 150 para fazer a demanda cair, com reflexo no preço.

Mas num mercado de crescente escassez o preço tende a ficar no nível máximo que possa ser extraído de uma economia mundial -- que já está em recessão -- realimentando assim um circulo vicioso de recessão inevitável.
Como se isso não bastasse, a alta de preços -- devida à escassez de petróleo -- vinha sendo agravada pela especulação no mercado futuro de petróleo, e a queda dos preços para a ordem dos US$100, em vez de aliviar, piorou a crise do sistema financeiro porque com a queda do preço, o valor dos ativos expressos nos balanços das financeiras baixou, e elas necessitaram buscar mais capital num mercado já grandemente afetado pela chamada "crise das hipotecas".

Paralelamente, a inflação causada pelos altos custos de energia, combinada com recessão causada pela retração do crédito, fez com que as pessoas tivessem menos dinheiro para consumir ou pagar dividas, agravando o problema dos bancos abarrotados de duvidosos papéis garantidos por hipotecas e outros títulos afins.

Nesse contexto, na semana passada o governo americano praticamente estatizou as duas principais agencias de crédito hipotecário americanas, conhecidas como Freddie Mac e Fannie Mae, para evitar a falência e o conseqüente desastre causado pela perda de centenas de bilhões de dólares de investimentos feitos nessas empresas por Bancos Centrais e Fundos Soberanos de paises estrangeiros, principalmente a China.

No dia de hoje, 15 de setembro, deu-se publicidade ao pedido de falência de Lehman & Brothers, que ao ter seus ativos liquidados na praça vai causar um efeito em cascata desvalorizando ainda mais os ativos (esses bancos são obrigados por lei a avaliar seus ativos pelo valor corrente de mercado) de outros gigantes periclitantes como AIG - American International Group e Merrill Linch e outros, que dificilmente poderão ser salvos por intervenção estatal porque o tamanho do buraco é de tal ordem que nem o Banco Central Americano tem condições de cobrir completamente.

O grande problema, na verdade, é que todas essas instituições são grandes investidoras no mercado de CDS (Credit Default Swaps), coisa em que pouca gente ouviu falar mas que, por ser um mercado não regulamentado, alcançou dimensões estratosféricas de muitas dezenas de trilhões de dólares de papéis, garantidos por papéis, garantidos por papéis, garantidos por papéis crescentemente duvidosos, que mal se distinguem de quotas de uma pirâmide monumental, escorada por pouco mais que a esperança de que serão novamente compradas por maior preço, ao final dos prazos de vencimento.

Entre os anos 2000 e 2008 o volume desses papéis cresceu de 900 bilhões para 45 mil bilhões de dólares, correspondendo a mais do que o dobro do valor total do mercado de ações americano, mais de 6 vezes o tamanho do mercado de hipotecas, que está ocupando as manchetes, como pode ser visto abaixo (clicar para ampliar):

Esses papéis constam como "ativo" das financeiras.
Não existem suficientes recursos disponíveis em todo o mundo para serem usados como contrapartida dessa monumental massa de "capital" inconsútil.


Não há como determinar-se o valor "real" de qualquer fração desse volume, a não ser através da venda dos títulos na praça, que se verifica pela alienação forçada dos bens das financeiras falidas.

É uma situação que tem tudo para detonar um tsunami economico-financeiro capaz de tornar irrelevante a crise de 1929. Vamos saber em poucas semanas como os donos do poder mundial vão manobrar para sair dessa.

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