sábado, 25 de outubro de 2008

Alerta de Tsunami 2 - Enviado em e-mail circular de 30.09.08

Dia 15 de setembro enviei o "alerta de tsunami" econômico-financeiro reproduzido no final deste e-mail.

Para os que possam pensar que estou sendo muito “catastrofista”, quero chamar a atenção para o fato de que o incrível volume de 45 trilhões de dólares de papéis derivados do mercado de hipotécas americano, de per si inadministravel, foi pelo menos decuplicado pela extensão à economia mundial do mecanismo de criação dos chamados "hedge funds", da seguinte maneira:

a) num primeiro passo grandes Bancos de Investimento operando globalmente encorajaram (até mesmo fornecendo capital) Bancos Comerciais a fazerem empréstimos hipotecários.


b) em seguida os Bancos de Investimento compraram os direitos sobre estas hipotécas e as empacotaram junto com papéis vindos de diversos bancos e regiões do mundo, em grandes conjuntos chamados RMBS (Residencial Mortgage Backed Securities => Papeis Garantidos por Hipotécas Residenciais).


c) Os RMBS foram em seguida grupados em categorias ("prime", "ALT-A" e "sub-prime") segundo sua qualidade inicial e divididos em até 15 “tranches” (sub-conjuntos de rendimento crescente), classificadas por agencias especializadas em graus crescentes de risco, sendo AAA os de menor risco, depois AA, e assim por diante, até os de mais alto risco (que rendiam mais) denominados “equity” (“saldo”).


d) Como, apesar do melhor rendimento era muito dificíl conseguir investidores para as “tranches” de maior risco, os Bancos de Investimento passaram a empacota-las com outras de melhor nível, num outro tipo de papel chamado CDO (Collateralized Debt Obligation), que era por sua vez dividido em “tranches” levadas à classificação pelas agencias de risco, sendo as de maior nível classificadas AAA, e assim por diante.


e) Essas obrigações, transformadas por esse processo de mágica financeira -- que diluía a quase totalidade dos papeis “sub-prime” no interior de obrigações “seguras” AAA e AA -- eram então repassadas a Bancos, Fundos de Pensões, Fundos Soberanos, e/ou revendidos a investidores privados, com enorme proveito para os corretores, gerentes e diretores, remunerados com milhões de dólares por via de suas parcelas dos lucros e/ou comissões.


f) Como se não bastasse o tamanho do risco sistêmico introduzido por essa enormidade de papéis passiveis de perderem grande parte de seu valor pela inadimplência das hipotécas, os inovadores do mercado financeiro empilharam em cima desses os CDS (Credit Securities Swaps).


g) CDS são contratos bilaterais que nasceram de um mecanismo em que uma parte (por exemplo Bear Sterns, ou AIG) recebia pagamentos de um investidor em troca da promessa de pagar uma certa quantia em caso de diminuição do valor do papel adquirido pelo investidor, uma espécie de seguro, uma cerca de garantia (“hedge”) contra possíveis perdas.


h) Ocorre que, tratando-se de papeis não regulamentados, surgiu um mercado de CDSs comprados, vendidos e revendidos a “investidores” dispostos a pagar um prêmio mensal por uma apólice dando direito a receber uma compensação no caso de diminuição do valor de papeis (os mesmos RBDS, CDOs anteriormente citados) que não necessitam ser possuidos pelo “segurado”, nem emitido pela entidade “seguradora”.


i) Disso resultou uma jogatina crescente de “investidores” que aplicaram trilhões de dólares em apólices compradas, vendidas e revendidas diretamente no balcão ou pelo telefone, que na verdade não passam de apostas sobre se tal ou qual papel vai ou não vai ter seu valor de face aumentado ou diminuído dentro do prazo de validade da apólice.


j) Como os prêmios são pagos como segurança contra inadimplência, se os eventos previsto nos CDSs se multiplicarem, a entidade vendedora da “proteção” não tem como saldar seus compromissos e entra em regime de falência.


É isso que ocorreu com Bear Sterns, Lehman Brothers e AIG, e é isso que vai jogar no chão todo o castelo de cartas erigido pelos supostos responsáveis pelo sistema financeiro mundial, que montaram uma "bomba de destruição em massa" cuja dimensão não pode ser quantificada com precisão, mas que não deve ser muito menor do que a apresentada no gráfico abaixo, usando dados do BIS - Bank of International Settlements (clicar para ampliar):



Essa é a principal razão pela qual os Bancos Centrais de todo o planeta estão literalmente apavorados, porque cada entidade falida que não responde pela promessa de seus CDSs, faz com que se evaporem as centenas de trilhões de dólares que foram multiplicados nas contas de outras instituições (inclusive fundos soberanos, possuidos por Bancos Centrais), que podiam apresentar esses papéis como “ativos” seguros porque estavam garantidos contra perdas.

As mais bem informadas fontes tem repetido com insistência que os trilhões de dólares de papel criados no mercado de “derivatives” (RMBS, CDO, CDS e outros) com certeza superam os valores somados do suprimento mundial de moeda corrente, do produto mundial bruto, e do próprio valor agregado de todos os títulos e ações existentes no planeta.

É uma típica situação em que o rabo passou a abanar o cachorro, RAZÃO PORQUE É BASTANTE SEGURO CONCLUIR que a implosão do conjunto dos “derivatives” é iminente, e implica na implosão do sistema financeiro mundial.

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