domingo, 19 de outubro de 2008

Primeiro reflexo: A Crise Financeira

Os que me honraram com a atenção dada a "O Crepúsculo do Petróleo” talvez se lembrem de que chamei a atenção para o fato de que a profunda imbricação entre o sistema financeiro e o sistema energético implicava na derrocada conjunta dos dois sistemas, restando saber apenas qual deles daria o primeiro sinal da iminência do colapso.

Fazem já várias semanas que o mercado de ações desabou e o sistema financeiro travou, sem que as pessoas se dêem conta da vinculação entre essa crise e o fato de que a oferta mundial de energia veio aumentando de forma cada vez mais lenta nos últimos anos, até ficar virtualmente estabilizada desde 2004, ano em que a produção mundial de petróleo bruto parou de crescer, no patamar dos 73/74 milhões de barris diários.

(Os mais de 80 milhões de barris diários referidos pelas estatísticas acrescentam a estes cerca de 10/12 milhões de barris (os números variam) de "outros líquidos" condensados do gás, mais ganhos produzidos por aumentos de volume nas refinarias, mais bio-combustíveis, mais combustíveis sintéticos).


A partir do ano 2000, a inexistência de folga suficiente entre demanda e oferta de petróleo fez com que o preço do barril fosse multiplicado por 5, passando de US$ 20 a US$ 100 entre 2000 e 2007, e chegando passar dos U$ 140 em meados de 2008.

Os efeitos desse aumento brutal de custo de um produto que está presente em toda a cadeia de formação de preços refletiram-se rapidamente no aumento de preços dos alimentos, ameaçando aos mais pobres com a fome e aos mais ricos com as dificuldades resultantes da inflação, com grande preocupação da comunidade internacional.

Um aspecto estranho da corrente crise econômica é que os economistas acadêmicos não previram sua chegada e continuam perplexos quanto a razão do súbito aumento de preços de energia e de alimentos, que atropelou o mercado a partir de 2007, provocando o aumento de juros e a inadimplencia das hipotecas, derrubando assim a primeira peça da cadeia de eventos na direção do colapso do sistema financeiro.

Estariam melhor preparados se houvessem prestado mais atenção aos engenheiros.

É o que se constata no slide reproduzido em seguida, apresentado em março de 2008, aos alunos e professores do curso de graduação tecnológica em petróleo e gás, da Universidade Estácio de Sá:



A palestra de que esta imagem fez parte é bastante esclarecedora quanto a gravidade da situação em que nos encontramos, e pode ser baixada para ser vista com som e imagem, clicando no link adiante. Obs: baixar a primeira vez pode demorar alguns minutos.

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